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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Fanfic - Amor, Sexo e Fotografia - Capítulo 66 - Rest Of Our Lives - Final



Depois que Bill foi embora, fiquei pensando no que disse. Por mais difícil que tenha sido todo esse tempo que ficamos separados, apesar de todo o sofrimento, ele tinha razão, eu ainda o amava. Mas ao mesmo tempo que queria estar perto dele, tinha medo de algo acontecer e por fim a nossa história definitivamente.Se ele está disposto a me esperar, vou pensar muito bem antes de tomar qualquer atitude. Mas antes de qualquer coisa, precisava tomar um banho e descansar um pouco.Acordei em um susto por ter ouvido uma buzina do lado de fora. Mas era nada menos do que o vizinho. Olhei o relógio, que marcava oito da manhã e fui até o banheiro fazer minha higiene matinal.

Ouvi a porta do quarto sendo aberta e vi Sam com seus olhos amendoados, que procuravam por mim. Ela me viu no banheiro e veio correndo, agarrando minha perna. Ela já falava algumas palavras e estava aprendendo a formar frases. Peguei-a no colo e sai do quarto, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho, não sabia se já tinha alguém acordado. Desci para a cozinha e, para a minha surpresa, encontrei Simone que estava tomando uma xícara de café, enquanto assistia alguma reportagem.

_ Bom dia. – Disse e ela olhou pra mim. – Diz "bom dia" pra vovó. – Disse num sussurro ao ouvido da pequena.

Sam: Dia. – Ela enterrou a cabeça entre meu pescoço e meu ombro, envergonhada.

Simone: Bom dia, linda da minha vida. – Ela fez cócegas e Sam soltou uma gargalhada gostosa. – Vou ter que sair daqui a pouco, estava até com medo de não dar tempo de vê-la ainda pela manhã. – Me olhou e eu ajeitei Sam em meu colo. - Entrei no seu quarto ontem a noite e como estava dormindo, Sam dormiu comigo. Como foi a conversa com o Bill?

_ Estranha! - Coloquei Sam na cadeirinha e coloquei um pouco de leite quente na suacaneca de aprendizado. - Por mim já estaria tudo acabado, sem-volta. Mas eu preciso pensar mais um pouco, e quando estiver decidida, o procuro. - peguei uma xícara de café.

Simone: Não gosto de vê-los assim, é de cortar o coração. - Ela termina o seu café e se levanta da mesa. - Pense muito bem no que vai fazer. Bill te ama muito e tenho medo de que aconteça alguma coisa, caso vocês não se acertem. - Me da um beijo na testa e outro na Sam. - Agora vou resolver algumas coisa, até mais tarde.

_ Até.

Terminei de tomar o meu café, e enquanto Sam terminava de tomar o seu leite e comer pedacinhos de pão, lavei e guardei a louça que foi usada. Durante a manhã, brinquei com meus filhos, os levei pra passear em um parque. Quando voltamos já estava quase na hora do almoço, Gordon não estava em casa, então eu mesma decidi fazer o almoço. Drey ficou de olho na irmã para ver se ela não aprontava alguma coisa. Estava feliz de ter voltado, revido o pessoal, ter meu filhos junto a mim. Mas não da para ficar por muito tempo aqui, ainda mais tendo a chance de ficar se cruzando o Bill por ai, assim não consigo pensar direito.

Mais tarde, Simone chegou acompanhada do marido e foram logo mimar a neta. Fui até o jardim dos fundos e me sentei em uma banco que havia ali. Logo Drey se sentou ao me lado e me abraçou apoiando sua cabeça no meu peito.

_ Senti tanto a sua falta, meu filho. - Afaguei seus cabelos, no qual exalava um cheiro maravilhoso.

Drey: Eu também, mamãe. - Ele me olha - Papai também sente sua falta. - Da uma pequena pausa. - Quando fomos morar em outra cidade, ele estava com muita raiva, se trancava no quarto e chorava. Mas em nenhum momento ele deixou de dizer o quanto ele te amava e a queria por perto.

_ Eu também amo o seu pai, mas ele me magoou demais. Eu estava grávida e mesmo assim ele me obrigou a ir embora. O Perdoei, mas são sei se consigo voltar com ele.

Drey: Eu também fiquei com raiva do papai, por não me deixar morar com a senhora, por tê-la abandonada. Mas eu vi que ele também sofria, ele perguntava se a senhora e a Sam estavam bem. Ele se preocupava, só não conseguia procurar pela senhora.

Guardei o que Drey me disse, era egoísmo da minha parte achar que fui a única a sofrer nessa história toda. Por mais que não parecesse, todos sofriam, a família, os amigos, nós dois. Eu queria ter forças para olhar no olhos do Bill e dizer que nunca mais queria vê-lo, que nossa história de amor havia sido destruída. Mas na realidade, o que eu mais queria nesse momento era poder estar ao lado dele, o beijando, sentindo o seu cheiro e dizendo que o amo mais que minha própria vida. Mas me falta a coragem, meus pés não me deixam sair do lugar e correr para o seus braços.Continuei conversando mais um tempo com meu filho e depois entramos em casa.

X.X

Alguns dias se passaram, decidi voltar para a minha casa, mas dessa vez Drey iria comigo. Arrumei minhas malas e nos despedimos do pessoal. Estar em casa seria melhor para pensar no que irei fazer da minha vida. Quando o avião pousou em São Paulo fiquei mais aliviada, aquele medo de voar ainda me perseguia. Com a Sam em meu colo e segurando a mão do Drey, saímos a procura das nossas malas, assim que as pegamos, fomos para o ponto de táxi e ele nos levou para casa.

Após ter ficado bocejando a manhã inteira do dia seguinte, resolvi deitar um pouco depois do almoço. Foi quando fechei os olhos e ouvi o meu celular tocando. A contra gosto, me levantei e caminhei até a estante onde o aparelho se encontrava. Olhei no visor, mas não reconheci o número, mesmo assim atendi.

_ Alô?

– Ana? Aqui é o Marcelo, o detetive.

_ Olá Marcelo, como vai? Tem alguma notícia para me dar?

Marcelo: Tudo bem. Liguei para avisar que achamos o corpo de uma moça parecida com a Bárbara.

_ Como assim um corpo? - Perguntei já exaltada.

Marcelo: Lembra daquela foto que mostrou? As caracteristicas físicas do corpo que encontramos se encaixam com o da Bárbara.

_ Você tem certeza do que está falando? O que a aconteceu com esse corpo?

Marcelo: Pelo que os policiais me informaram, foi estupro seguido de morte. Se você puder vir e reconhecer o corpo seria melhor para a nossa investigação.

_ Não sei se consigo fazer isso. - Dei uma pausa. - Mesmo tendo feito o que ela fez, não merecia uma morte assim. Faz o seguinte: Continue com a investigação e se confirmar que é a Bárbara, me ligue avisando.

Marcelo: Tudo bem.

Desliguei o celular e voltei a me deitar no sofá, estava me sentindo mal, com um aperto no peito. Bárbara podia ter seu lado mal, mas o tempo que vivi ao seu lado, ela se mostrou muito carinhosa, eu gostava dela, ela me fez feliz por algum tempo. Não demorou muito tempo para Marcelo me ligar e confirmar que o tal corpo pertencia realmente a Bárbara, naquele dia eu chorei por muito tempo, apesar de ela ter arruinado a minha vida, não merecia morrer dessa forma.


O tempo foi passando, fui me esquecendo de algumas coisas, me lembrando de outras. Aproveitei a minha vida ao lado dos meus filhos, pensei no que fazer daqui em diante em relação ao meu casamento com o Bill e cheguei a uma conclusão, vou procurá-lo e deixar o meu coração falar mais alto. Sam está crescendo e sempre me pergunta pelo pai, as suas perguntas me ajudaram a resolver o meu dilema, meus filhos precisam do pai e eu preciso do amor da minha vida.


Só Deus sabia o quanto eu me culpava e me castigava todos os dias por ter magoado a melhor pessoa que eu poderia ter encontrado pra mim. Mas foi necessário, eu sabia. Isso era o que me confortava um pouco, e às vezes. Saber que, por mais que tudo tenha acontecido, foi necessário. Foi para o próprio bem dele.


E como eu queria tocar naquele rosto outra vez, sentir a textura de sua pele, ver seus olhos intensamente castanhos fixando-se em meus olhos, sentir sua respiração contra a minha. Ver o sorriso que me dava forças para levantar todos os dias. Porém eu não tinha mais isso. Mas, eu ainda poderia ter. Queria uma chance, uma única que fosse, de vê-lo outra vez perto de mim. Eu precisava disso para seguir; Não feliz, mas em paz. Eu sabia que tinha lhe tirado tudo o que mais o agradava, e precisava trazer isso de volta. E se ele estivesse feliz, eu estaria também. Dois anos mudam muita coisa. E me possibilitariam de realizar meu maior sonho, outra vez. Sem-mais tempo a perder, liguei para o aeroporto. Era hora de consertar as coisas.

Arrumei as minhas malas e a Drey e seguimos para o aeroporto, estava ansiosa para que o avião decolasse logo. Enquanto esperávamos na sala de espera, minhas pernas estavam impacientes, as mãos suavam e o coração batia forte. Precisava me encontrar com Bill o mais rápido possível, eu nem sabia onde ele poderia estar, mesmo assim iria perguntar a quem quer que fosse sobre o seu paradeiro.

Entramos no avião e mesmo me acomodando na poltrona, não conseguir relaxar e nem dormir toda a viagem. Só pensava qual seria a nossa reação quando estivesse-mos frente a frente. Após horas de voo, finalmente pousamos.Corri a procura de um táxi e lhe informei o endereço da casa onde morava e seguimos para lá. Quando o carro parou em frente ao portão, abri a porta e corri falar com os seguranças para me deixarem entrar. Drey vinha atrás de mim segurando a mãozinha da irmã.

Parei em frente a porta da casa do Tom e bati várias vezes. Meu coração acelerou e eu abaixei a cabeça. A porta se abriu. Nenhum som foi emitido por parte de quem abriu a porta. Respirei fundo outra vez e olhei para cima.

– Ana Lúcia? - Tom abriu a porta; Fiquei sem reação.

_ Tom!. - Eu sorri fraco. Ele balançou a cabeça, incrédulo. Vi seus olhos começarem a brilhar. Num impulso me joguei sobre ele e o apertei muito. Quanta falta eu senti de um abraço.

Tom: Eu não acredito. - Ele soltou, e eu sorri pesarosa. - Bom... - Se eu conhecia bem Tom, ele se faria de durão, apesar de tudo. - Bill não está aqui. - Aquele nome dito em voz alta me acertou como uma faca. Senti a dor imensa.

_ Como ele está? - Eu perguntei, ansiosa. Tom apenas suspirou e olhou para baixo. Não suportei. - Eu preciso vê-lo.

Tom: Nós não sabemos onde ele está. Desde a ultima vez que você esteve aqui, ele sumiu.

_ Eu vou procurá-lo. Cuide das crianças, por favor.

Deixei meus filhos com Tom e sai correndo a procura de um outro táxi. Peguei novamente o táxi e segui para o primeiro lugar que me veio a cabeça: casa do Andreas. Mas infelizmente Bill não estava lá. Mas Andy me deu o endereço do apartamento onde Bill estava morando. Fui até lá, perguntei na portaria se Bill morava lá, tive uma resposta positiva, mas Bill havia saído há algumas horas. Respirei fundo, derrotada, outra vez e continuei caminhando até a recepção e me sentar em um sofá de quatro lugares e ficar esperando pelo Bill.

Mais algumas horas se passaram, estava quase desistindo e indo embora, quando ouvi alguém se aproximando da recepção. Levantei a cabeça devagar e me deparei com uma figura diferente - fora das expectativas.Bill falava com a recepcionista, que lhe sorria abobada. Usava uma calça jeans cinza, o All Star surrado e a blusa de moletom verde não me deixavam enganar. O mesmo cabelo desarrumado e arrumado ao mesmo tempo, as mesmas mãos branquinhas e macias. Senti um tremor percorrer meu corpo e fiquei sem reação. Não sabia se me aproximava, se ficava onde estava ou se fugia. Mas minha bolsa caiu da minha mão, fazendo um barulho alto, o que não me possibilitou pensar - ele me olhou. Parecia sem reação também.

Agora Bill vinha na minha direção, olhava meio cabisbaixo, mas ainda sorria e estava mais lindo que nunca, naquele momento me esqueci de tudo que passamos era como se fosse a primeira vez que estivéssemos nos vendo e me apaixonei de novo.Seus braços fortes e frios me envolveram, pedindo por uma resposta de minha parte. Me ajeitei melhor e retribuí o abraço com toda a força que ainda me restava.

_ Eu senti tanto sua falta, tanto, tanto, tanto. - Murmurei e o senti me apertar mais.

Bill: Por favor, não vá embora.

Sussurrou em meu ouvido e senti minha mágoa voltar, três vezes pior. Me afastei um pouco para poder contemplar seu rosto. O cabelo loiro jogado de todos os lados, combinando perfeitamente com o formato de seu rosto. A pele macia e os lábios suaves. O nariz perfeitamente desenhado e as bochechas levemente coradas. Os olhos Castanhos que tantas mensagens me passavam; Mensagens de amor, saudade, felicidade, mágoa, súplica. A intensidade não me permitia desviar os meus próprios olhos dos seus tão profundos. Suspirei, derrotada e enterrei meu rosto na curva de seu pescoço.

Levantei meu rosto novamente, encarei o seu por alguns segundos e grudei meus lábios aos seus, secos e gelados. Um arrepio percorreu minhas costas e eu fechei os olhos, assim como ele. Tentava guardar cada pedacinho daquela sensação comigo, determinada a nunca mais me esquecer da melhor pessoa que já tinha conhecido.

Bill: Dois anos, Any, dois anos sem sentir isso. - Disse afastando-se e grudando seus lábios nos meus outra vez, dessa vez aprofundando o beijo. Senti seus lábios esquentarem, assim como os meus, e meu corpo todo subitamente se aqueceu também. Passei minhas mãos por seu pescoço, acariciando seu cabelo e puxando-o de leve, já que estava bem mais curto do que me lembrava e o senti me puxando para mais perto. Suas mãos percorriam minhas costas calmamente. Mordi seu lábio inferior de leve e me separei dele, encostando nossas testas e esperando seus olhos se abrirem também.


_ Cada dia que passei longe foi uma mágoa sem fim. Dois anos, como você mesmo disse, sem sentir isso - Levantei minha mão esquerda, sem ainda soltar a direita de sua mão livre, e acariciei seu rosto de leve. - E eu, infelizmente, não posso fazer as coisas voltarem a ser como eram. Eu consegui me livrar de todo o mal que estava nos fazendo, mas acho que acabei criando um pior. Eu te magoei. Isso me magoa profundamente, dez vezes mais do que a você. Me sinto a pior pessoa do mundo por ter te feito sofrer. Eu só queria que você soubesse que em segundo algum eu me esqueci de você, e tenha certeza de que isso nunca acontecerá. Você é minha vida, Bill, e é em você que eu tenho pensado por dois anos, vinte e quatro horas por dia. Eu não tenho como me desculpar, no meu caso palavras não são suficientes, mas espero que essa minha atitude de ter vindo até aqui sirva para alguma coisa.Eu preciso voltar para casa e ajeitar as coisas por lá, mas o tempo que ficarei aqui, eu gostaria de usá-lo da melhor maneira possível, gastá-lo inteiramente com você, e te fazendo perceber que você é a coisa que mais importa na minha vida. Também quero te prometer que, assim que possível, eu estarei aqui com você.

Afirmei, prometendo a Bill e a mim mesma que não o deixaria mais escapar de mim. Eu não sabia como, mas daria um jeito de voltar e vê-lo novamente, pois mal nenhum era pior do que a distância entre nós. Até porque, depois de vê-lo, tive a certeza de que não conseguiria me manter longe outra vez. Tive uma chance e não teria outra, mais por vontade própria do que por oportunidade. Bill Kaulitz ainda era o ar que eu respirava.

Ficamos nos beijando por um tempo, eu passava minhas mãos por entre seus cabelos e ele arranhava minhas costas sob a minha camisa. Paramos de nos beijar e ficamos nos encarando com o olhar.

Bill: E o que a gente faz agora?

_ Não fazemos nada. Só nos entregaremos um ao outro. O resto vira com o tempo. Ich Liebe Dich.

BillIch Liebe Dich Auch. – E beijei seus lábios mais uma vez naquele dia.

Fanfic - Amor, Sexo e Fotografia - Capítulo 65 - It's Not Over



POV Ana


10:00 marcavam no despertador ao lado da minha cabeceira, estava na hora de levantar e ir para o aeroporto. A semana passou bem rápido, confesso que estava um pouco nervosa de voltar para o Brasil, mas também ansiosa para matar a saudade da minha família e tentar resolver esse grande problema que fui arranjar.

_ Pegamos tudo? – Perguntei fechando o porta-malas do táxi. 


Fabi: Sim! Agora podemos ir! – Ela se sentou no banco de carona e eu atrás, com a Sam no colo.

Chegamos ao aeroporto minutos depois e estávamos adiantadas. Nosso voo sairia daqui uma hora. Fomos até a praça de alimentação e fizemos hora por lá até nosso embarque ser anunciado. Entramos pelo portão 4B e aguardamos até entrar no avião. Sam estava agitada e eu estava com medo de ela ficar impaciente.

Fabi: Ela vai gastar toda a energia agora e no avião vai capotar. – Ela riu ao olhar a pequena brincar com a boneca pra cima e pra baixo.


_ Eu espero, porque ela quando fica agitada, ninguém segura. – Ri, olhando-a também.


Pudemos finalmente entrar no avião e nos acomodamos nas poltronas. Sam ainda brincava com a boneca, mas sentada e quietinha. O avião decolou e o almoço foi servido. Logo depois, um desenho começou a passar na pequena tela a nossa frente. Fabi já havia dormido com o fone no ouvido. Sam estava entretida no desenho que passava, ela parecia o Bill quando assistia Bob Esponja, ficava boba observando-o gargalhar junto com o calça quadrada. Mas logo ela deitou em meu colo e adormeceu. Consegui dormir apenas por umas horas, queria ficar de olho nela. Senti aquelas borboletas em meu estômago – coisa eu não sentia a um bom tempo – olhei pela janela e vi a cidade que me abriu as portas para o mundo. Desembarcamos na manhã do dia seguinte e depois de pegar nossas malas, entramos em um táxi e seguimos para a casa da minha mãe.


Entramos na casa e estava exatamente como eu havia visto pela última vez. Minha mãe foi quem nos recebeu, seus olhos marejados me deixaram com um nó na garganta. Abracei-a forte e deixei as lágrimas caírem. Minha mãe já conhecia a Fabi na época do casamento, então poupei apresentações. Sam mesmo nunca tendo visto a avó simpatizou-se rápido com ela, (tanto que passou boa parte do dia nos braços da avó) coloquei minha mala no quarto onde Sam e eu ficaríamos. Ela bocejava e coçava os olhos, fazendo sinal para eu a pegar no colo. Ela encostou a cabeça em meu ombro e em minutos adormeceu ali. A coloquei na cama e comecei a desfazer as malas.


Na semana seguinte fui para São Paulo conversar sobre a proposta que recebi. Quando cheguei ao prédio, ele era todo decorado como se fosse uma cerimonia tradicional de casamento, elegante e sofisticado. Fotografar casamentos não é muito a minha praia, ainda mais o que o meu provavelmente já foi para o espaço, mas como tenho minhas necessidades e não é todo dia que aparece uma oportunidade de emprego, para uma fotógrafa quase fracassada. Assinei o contrato com a empresa por um período de um ano, e já na mesma semana tive meu primeiro casamento a ser trabalhado.


Um casal canadense que moram cerca de cinco anos em São Paulo, muito simpáticos e apaixonados. Fotografar este casamento foi uma tarefa muito prazerosa. Tivemos a oportunidade de nos encontrarmos poucos dias antes e juntos preparamos uma e-session cercada de muita alegria e energia boa!!Mas a emoção que envolve o grande dia realmente é incomparável e é o momento em que “cai a ficha”, bate aquele friozinho bom na barriga e a emoção aflora.Um casamento cercado de muita descontração e romantismo tudo que envolve o sonho de um casal apaixonado. Confesso que estava muito insegura, mas participar de um momento tão feliz do casal, de certa forma me deu forças para seguir a minha vida e a trabalhar a cada casamento com uma emoção diferente.


Meses depois tive alguns dias de folga, e decidi ir para o Rio de Janeiro sozinha, deixei Sam na casa dos meus pais, já que Fabi havia voltado para L.A devido ao seu trabalho. Sam estava começando a aprender a falar e era bem inteligente, cada dia mais parecida com o Bill, o sorriso e a forma como coça o nariz. Assim que desembarquei, peguei um táxi e rumei para o Copacabana Palace, enquanto não conseguisse aquela gravação, não iria sossegar. Conversei com a recepção do Hotel, contei toda a minha história, e tudo o que ouvi da funcionária medíocre foi um "sinto muito". Pedi para conversar com o gerente, ele me atendeu depois de algumas horas de espera, contei novamente o que aconteceu, dei meus dados para confirmar que me hospedei lá junto com a banda a alguns anos atrás, conversamos durante um bom tempo, mas ele só poderia liberar as gravações com um mandado judicial.

Ao chegar na delegacia, contei o que havia acontecido a um senhor e ele me mandou para uma sala de espera, pois o homem que cuida desses casos não havia chegado ainda, um espécie de detetive. Mais um chá de cadeira, estava quase anoitecendo, carregando uma mala média e sem comer praticamente nada, o que me serviram foi apenas um copo de café com leite e um Donuts, quando finalmente um rapaz aparentemente jovem, muito simpático e bonito por sinal, veio me atender e eu contei novamente o fato. Ele me ouvia atentamente, era o único até agora que parecia interessado no que eu tinha a dizer. Após mais uma hora mais ou menos de conversa, o detetive Marcelo aceitou me ajudar nesse caso, mas ele tinha um preço e não era um dos mais baratos. Combinamos que eu pagaria metade agora e o restante depois que ele resolvesse o caso. Para conseguir provar a minha inocência e demonstrar que fui alvo de uma trama urdida com certa competência, haverá necessidade uma ação reparatória por danos materiais e morais.


Passei meu número de celular a ele e fui procurar um lugar para passar alguns dias no Rio. Pela manhã, recebi um telefona do Marcelo, marcamos de nos encontrar em um restaurante discreto, Marcelo chegou no horário marcado, usava uma calça jeans escura, camiseta branca, tênis e óculos escuros, muito diferente do social que usava ontem a noite, talvez seja pelo calor que fazia naquela manhã. Ele não tirou os óculos escuros durante toda a conversa. Eu o cumprimentei da forma mais simpática que pude, ele me sorriu também, um sorriso lindo com dentes brancos e alinhados. Ao chegar, colocou seu gravador na mesa e perguntou se haveria problemas em registrar o que falávamos. Balancei a cabeça negativamente. Pedi um suco de laranja, ele fez o mesmo e contei novamente a história, só que com mais detalhes, o que foi pedido por ele.


Marcelo: Você tem inimigos? - Me perguntou de repente.


_ Hum...acredito que não. Mas, como meu marido tem uma legião de fãs, provavelmente seja uma delas, ou talvez Stalker, ouve uma época em que meu marido e o irmão dele foram perseguidos por garotas obcecadas.


Marcelo: Já foi agredida por alguma fã, ou já te ameaçaram?


_ Que eu me lembre não. Obviamente que existem aquelas fãs que não aceitam até hoje o meu casamento com ele, mas nunca ouve uma ameaça diretamente.


Marcelo: Você me disse que morou durante um tempo com uma namorada em Los Angeles, a mesma teve um relacionamento com o irmão do seu marido, certo? - Concordei com a cabeça. - Se pela história que você me contou envolvendo essa garota, o irmão do seu marido, e você, os dois foram enganados por ela, de alguma forma ela planejava fazer alguma coisa em relação a vocês, já que antes de ela ir embora com outro homem, ela deixou bem claro que sentia raiva de vocês, pela brigas que tiveram.


_ Acha mesmo que a Bárbara pode estar envolvida nisso?


Marcelo: Pelo o que você me contou, sim. Talvez ela tenha se dado mal com a escolha que ela fez, se arrependeu e quer destruir a sua felicidade e a do seu cunhado. Já que vocês são muito amigos, nada melhor que usar os dois para destruir o casamento um do outro.


_ Mas do que adiantou? O Tom ainda está casado e muito feliz, quem se deu mal fui eu, perdi meu marido, meu filho, fiquei sem trabalho, só consegui ter a minha filha por que uma outra amiga me ajudou, do contrário estaria perdida no mundo.


Marcelo: Bom... - Desligou o gravador e juntou alguns papeis. - Vamos encerrar nossa conversa por hoje, vou estudar seu caso durante a tarde e quando sair o mandado entro em contato com a senhora.


_ Tudo bem, obrigada mais uma vez. - Apertei sua mão, mas ele não a soltou.


Marcelo: Quanto tempo ficará na cidade?


_ O tempo que for necessário para resolver o caso. - Continuou segurando a minha mão e com a outra retirou os óculos. Seus olhos negros tinha um poder hipnotizante, contrastava com seu nariz fino e a boca carnuda. Ele era realmente muito bonito.


Marcelo: Sem querer ser indiscreto, sua história mexeu comigo e quero realmente te ajudar. Mas se o seu marido não te aceitar de volta, não acha que depois de tanto tempo, não acha melhor você ir por um outro caminho?


_ Meu caminho sempre estará ligado ao Bill, eu tenho uma filha com ele, mesmo ele não me aceitando de volta, nossos caminhos vão se cruzar de um jeito ou de outro. Eu sei que ele ainda me ama, eu o amo mais que minha própria vida, se eu não puder ficar com ele, não quero ficar com mais ninguém.


Me soltei de sua mão e fui embora. Dois dias depois Marcelo me ligou novamente avisando que o mandado havia saído e queria me encontrar em frente ao Copacabana Palace. Me arrumei rapidamente, peguei um táxi e segui para o Hotel. Chegado lá, o comprimentei e fomos até a recepção, conversamos com o gerente e o mesmo nos deixou entrar na sala de segurança e procurar pelo vídeo correspondente ao dia que estivemos hospedados. Estava muito nervosa, as mãos tremia e o coração batia muito rápido, muitas horas depois, finalmente achamos o vídeo. Respirei fundo e pedi para que acelerassem o tempo do vídeo até achar o momento da minha conversa com o Tom.


Pedi para aumentarem o volume da TV para que pudesse ouvir atentamente nossa conversa. Era difícil ter que ver aquela cena novamente, era sofrido. Tentava observar todos os detalhes do vídeo, mas não achava nada que fosse suspeito, ou de mais alguém no mesmo lugar que Tom e eu perto da piscina. De repente ouve uma movimentação perto de alguns vasos de plantas, mas não conseguia identificar quem era.


_ Não dá para dar zoom? - Um dos segurança que manuseava o computador atendeu ao meu pedido, mas mesmo assim, não sabia quem era. - Não sei quem é, não parece a Bárbara, ela era ruiva, a não ser que tenha pintado o cabelo...


Marcelo: Ou usado peruca. - Me interrompeu - A imagem não está boa, mas da para ver que é essa pessoa que fez a gravação, não há mais ninguém no local.


_ Não me importo se vão descobrir quem é ou não. Só quero uma cópia desse vídeo para mandar para Alemanha e o Bill tire as conclusões que quiser.


Voltei para o hotel mais aliviada, já com o vídeo em mãos esperei o dia seguinte para voltar a São Paulo. Na casa da minha mãe, mandei um e-mail para a Quim avisando que tinha conseguido o vídeo e estaria mandando em breve para a casa dela e assim o fiz. Dias depois recebi sua ligação informando a chegada do pacote, agora eu só dependia dela para conseguir entregar esse vídeo ao Bill e que o mesmo tome alguma decisão.


Alguns meses se passaram, Sam já estava quase completando um ano e nada do Bill me dar um sinal de vida. O vídeo foi entregue ao Andreas, que descobriu onde Bill estava morando e o entregou, mas ele não podia falar absolutamente nada do que estava acontecendo com o amigo, se Bill tomasse uma decisão, ele me procuraria. Foram meses torturantes, eu já tinha perdido qualquer esperança de que ele batesse na minha porta e me implorasse perdão.


Tom me pediu para ir para Hamburgo, Simone queria ver a neta, depois de muito pensar, peguei um avião e fui. A cidade continuava a mesma, a sensação de voltar para aquele lugar que era estranha, memórias dos meus momentos com o Bill vinham a todo momento na minha cabeça e me deixava triste. Sam estava dormindo no meu colo, enquanto Tom dirigia o seu Audi, e comentava o quanto ficava preocupado com a Sophie indo para a escola. Chegamos a casa da Simone, tudo estava apagado e silencioso. Saímos do carro e entramos na casa mesmo estando tudo apagado. Tom acendeu a luz da sala e meu queixo caiu.


–SURPRESA! -Todos daquela sala gritaram. Ali estavam Simone e Gordon, Quim e Sophie, Georg e Lê, Gustav e Cam, as duas grávidas, o que foi uma surpresa, Andreas e Híllarie. Todos vieram me abraçar, fiquei muito feliz com a presença deles. Mas no cantinho da sala, pude reconhecer um garoto alto e forte com o formato do rosto parecido com o do Bill. Os mesmos olhos castanhos, a mesma cor de cabelo e com o mesmo sorriso lindo que havia me conquistado. Audrey veio correndo me abraçar, mesmo tendo crescido tanto, ainda conseguia carregá-lo no colo, choramos juntos, o enchi de beijos. Apresentei a ele sua irmãzinha que estava no colo do Tom, na mesma hora ele quis segurá-la e prometeu diante de todos que iria protegê-la. Diante dessa cena me dei conta que, se Drey estava ali, Bill também estaria, por mais que quisesse vê-lo alguma coisa dentro de mim me impedia de querer estar frente a frente com ele. Depois de tanto tempo longe, aprendemos a conviver com as dores e a solidão, e chega uma hora que é melhor não tentar consertar as coisas.


Olhei em volta e quando o vi encostado em uma parede olhando para os próprios pés, não era a mesma pessoa, eu jurava que não o veria com a cor natural dos cabelos, barba por fazer, mais piercing no rosto, estava irreconhecível, não era aquele Bill que esperava ver, parecia tão maduro. Quando levantou a cabeça e nossos olhares se encontraram, um nó se formou em minha garganta e lágrimas em meus olhos. Pude vê-lo andar com passos indecisos em minha direção e as memórias do passado invadiram minha mente como um filme. O que ele estava fazendo ali?


Bill: Any... -Respirei fundo e pude sentir o olhar de todos em cima de mim. - Quanto tempo, certo? - Eu não tinha voz. Eu mal conseguia me manter em pé. Notando isso, Tom se aproximou de mim e passou a mão por minha cintura para mostrar que eu não estava sozinha naquele momento. A sala caiu em um silêncio e todos prestavam atenção naquela cena. Era apenas um reencontro de duas pessoas que não se falavam e não se viam a muito tempo.


_ Bill. - Minha voz saiu seca e fria. Escutei um suspiro de longe. O único som que podíamos ouvir era da música baixa e a respiração tensa de todas aquelas pessoas. - O que você tá fazendo aqui? - Segurava as lágrimas em meus olhos para não demonstrar que eu me importava com sua presença.


Bill: Andreas me convenceu a vir. - Arqueei a sobrancelha ficando um pouco surpresa e tensa ao mesmo tempo - Eu pensei muito antes de vir aqui, mas eu precisava conversar com você e te ver. - Sua voz agora era um sussurro. Minhas pernas vacilaram e a mão forte de Tom segurou-me.


_ Me desculpe, mas hoje não é dia e nem situação pra eu falar com você. - Balancei minha cabeça em sinal de negação e murmurei para Tom. - Me leve para outro lugar.


Saímos abraçados da sala. Esta por sinal parecia diminuir a cada passo que eu dava. Tom me levou para o quarto de hospedes onde pude descansar um pouco, a presença de Bill tinha me afetado tanto, deitada na cama pensei, chorei e adormeci. Quando acordei vi minha mala perto da porta, escolhi algumas peças de roupas e fui tomar banho. Retornei ao quarto já vestida e fiquei olhando o jardim pela janela, Drey e Sophie brincavam com a Sam, era tão bonito vê-los juntos. De repente bateram na porta e pedi que entrasse, naquela hora pensei que Bill já haveria ido embora e fosse outra pessoa a entrar no quarto, mas me enganei, lá estava ele, os olhos tristes, a fisionomia cansada, sem-maquiagem, as unhas cortada e sem esmalte, realmente ele havia mudado, mas não acredito que ele tenha sofrido mais do que eu.


Bill: Ana, eu vim te pedir perdão. Você me perdoa?


_ Demorou não? Mas finalmente você veio me pedir desculpas.


Bill: Eu estava errado, Tom me contou tudo o que aconteceu, e com o vídeo eu percebi a burrada que fiz. Então, engoli meu orgulho e vim te pedir desculpas.


_ Está desculpado. - Falei seca, torcendo para que ele fosse embora o mais rápido daquele quarto. - Agora me de licença que eu ainda estou cansada da viagem. - Tentei abrir a porta, mas ele me impediu.


Bill: Ana, você sabe que não vim aqui só para pedir desculpas. - Segurou meus braços com a mesma delicadeza de antes e aproximou o seu rosto do meu, sentir aquele toque novamente, quase me fez ceder a sua tentativa de me beijar. - Durante todo esse tempo, eu só pensei em você. - Olhei dentro do seus olhos, mas não conseguia ver aquele mesmo sentimento de antes. - Por que você está me olhando desse jeito? Você não pensou em mim?


_ Pensei, muitas vezes. - Suspirei pesadamente. - Tive muita saudade.


Bill: Eu também tive muita saudade, Ana. - Ele tenta me beijar novamente, mas recuo - O que foi?


_ Você acabou com o nosso casamento, acabou com a minha vida depois daquela entrevista.


Bill: Ana, você sabe que sou muito desconfiado, sou cabeça dura mesmo. Receber aquelas fotos, a gravação, depois a confissão do Tom, me fez perder a cabeça, era informação ruim demais para mim. Eu não vi mais nada da minha frente, fiquei com ódio, não sabia o que pensar, ser traído com o meu irmão...


_ Eu não te trai com seu irmão. - Disse um pouco alterada.


Bill: Eu fiquei com raiva de você.


_ Eu nunca te dei motivos para você duvidar do meu amor, respeitei as suas vontades, mudei meu estilo de vida, até usei as roupas que você queria, nunca quis te contrariar. Você conhece a Bárbara, sabe tudo o que aconteceu com a gente, o envolvimento dela com o Tom, agora me aparece um vídeo completamente modificado, fotos que não comprovam nada, e você já acredita que eu tenha dormido com seu irmão e que a Samira é filha dele. Se você me amasse de verdade duvidaria de qualquer coisa que me acusasse.


Bill: Eu errei.


_ E você acha que basta dizer que errou, que basta me pedir desculpas, depois de ter me magoado tanto? 


Bill: Já reconheci que estava errado...


_ Você me abandonou quando eu mais precisava, minha vida se tornou um inferno depois que você me mandou embora, por muito pouco não perdi o bebê. Se não fosse pela Fabi, não sabia o que teria acontecido comigo e com a criança.


Bill: Eu sinto muito Ana.


_ Eu sinto muito? - Me sento na cama e coloco minhas mãos no rosto tentando me acalmar - Meu Deus, como vocês homens são egoístas, vocês são capazes de machucar uma mulher e simplesmente pedem desculpas. Você acha que só por que veio aqui, tudo vai voltar como era antes?


Bill: Eu quero que seja Ana, exatamente como era antes. Volte para nossa casa, nós somos uma família.


_ Para que, para depois de amanhã, alguém chegar com alguma história contra mim, você acreditar e se revoltar novamente? Estou refazendo a minha vida, está sendo difícil, pois depois do que você falou, não consigo sair na rua, sem alguém me xingar, querer me bater...


Bill: Você quer dizer que não me perdoa?


_ Te perdoo. Já te disse que perdoo. Mas eu não volto.


Bill: Mas o que adianta você me perdoar e não voltar comigo?


_ Você me decepcionou muito. 


Bill: Ana, eu te amo.


_ Não vou mentir para você, eu também te amo.


Bill: Então volta comigo.


_ Já me enganei antes, e não quero fazer isso de novo.


Bill: Você está falando da gante, Ana. Que agente foi um erro?


_ Não! Valeu cada segundo. Eu só queria que soubesse, que você foi a melhor coisa que me aconteceu nessa vida, mas acabou. Nada é para sempre.


Bill: Nem precisa ser o fim.


_ O que você quer dizer?


Bill: Não importa o que agente diz, mas sim, o que agente sente. E eu sei que ai no seu coração, você ainda me ama. Eu te amo e vou esperar você me aceitar de volta.

Fanfic - Amor, Sexo e Fotografia - Capítulo 64 - Keep Holding On




Pov Ana

Alguns meses se passaram e eu segui todos os passos que a mãe da Fabi me passara. Com os ultrassons, vi Samira crescendo cada vez mais, e a cada mexida ou chute que ela dava na minha barriga, era uma emoção. Já podia imaginar como ela seria. Os olhos amendoados do pai era o que com certeza chamaria atenção. Eu sabia que mais ou menos dias, voltaria a pensar em Bill, afinal esquecer é difícil. Ainda mais esquecer coisas boas. Momentos felizes. Sorrisos. Aplausos. Aquela noite. O beijo. Aquela dança. Depois de tantos meses, ainda continuo pensando nele, querendo saber a qualquer custo como ele está, se ainda me ama e sente minha falta. Continuo com esperanças de que um dia ele me ligue e me diga para voltar, mas já se passaram tanto tempo, e é como se ele não existisse, pois fiquei isolada do mundo, não sei o que acontece lá fora e Fabi também não me conta. Todas as vezes que o telefone toca peço a Deus para que seja ele, me dizendo que se arrependeu de tudo o que me disse. Mas a maioria dessas ligações é da minha mãe, perguntando se estou bem. Contei a ela sobre a gravidez e minha separação, esperava que me desse uma bronca, mas ela entendeu meu sofrimento e me pediu para voltar para casa.


Nem se eu quisesse eu poderia voltar, afinal enorme do jeito que estou é capaz de ter a Sam dentro do avião, e também voltar para aquela casa me faria lembrar de muitas coisa, ainda mais de um lugar ali perto que marcou a minha vida. Mas do que adianta ficar pensando isso, se onde realmente tudo aconteceu fica a alguns quilômetros daqui, a agência onde trabalhava, nosso primeiro encontro, é tão difícil ficar lembrando disso, é como se fosse ontem. Ainda fico arrepiada lembrando do nosso primeiro toque de mãos, as trocas de olhares, o primeiro beijo, ainda não da para acreditar que o perdi, por uma mentira, por um erro idiota.Ainda dói acordar e não vê-lo do meu lado da cama, me desejando bom dia com aquele lindo sorriso em seus lábios. De ser acordada por suas caricias, seus sussurros pedindo para o Drey não fazer barulho, pois eu ainda estava dormindo. Que saudade do meu filho, de levá-lo para a escola e o vendo fazer sucesso com as garotinhas da sua idade. Por que é tão difícil meu Deus?


Em um momento de solidão e desespero, me deixei ser beijada pela Fabi, eu sempre soube que ela de certa forma sentia algo por mim, desde a primeira vez nos beijamos. Eu aceitei, por agradecimento por tudo o que ela tem feito por mim, por me proteger, cuidar da minha saúde, por ser um verdadeiro "pai" para a minha filha. Mas, mais longe do que isso eu não poderia ir, era apenas um beijo para agradecê-la, com tudo que está acontecendo em minha vida, me relacionar com outra pessoa seria um erro, ainda mais com uma pessoa que é tão boa comigo, não quero magoá-la também.


X.X


Certo dia recebi um telefonema que me deixou muito abalada, mas ao mesmo tempo feliz, eu sentia muita falta dela, da sua voz, do seus abraços, Quim não tinha culpa de nada do que estava acontecendo, ela foi tão vitima quanto eu, mas ao contrário de mim, ela conseguiu perdoar a mim, ao Tom e está feliz ao lado dele. Conversamos por algum tempo, me perguntou onde estava morando e que queria me ver a todo custo, hesitei em contar, mas acabei lhe passando o endereço da Fabi. Me disse que apesar do que aconteceu, ninguém tem raiva de mim, mas não tinham coragem de entrar em contato comigo. Em um certo momento o telefone ficou mudo, segundos depois quando ouvi a voz do Tom comecei a chorar. Podia ouvi-lo chorar e me implorar perdão, não conseguia falar nada, apenas soluçar de tão forte que era meu choro, estava me sentindo muito mal, meu peito estava doendo muito, antes de desligar disse que o perdoava. Senti meu corpo pesar, a visão escurecer e quando acordei já estava no hospital. A médica me alertou que não posso sofrer emoções muito fortes, pois os riscos para o bebê são muito grandes.


Uma semana depois de ter falado com a Quim pelo telefone, em um domingo pela manhã, a campainha tocou. Fazia pouco tempo que havia acordado e ainda estava meio sonolenta, tomava uma xícara de café, sentada a mesa ao lado de Fabi, olhava a mesma suplicando que ela fosse atender. Ela então se levantou e caminhou até a porta, a campainha ainda tocava, a pessoa do outro lado parecia muito insistente. Quando ouvi a porta sendo aberta e passos vindo em direção a cozinha, me levantei com cuidado devido ao peso da barriga, no mesmo instante, Quim (segurando a mão da Sophie) e Tom entraram no comodo. Quim me olhou de cima abaixo alargando seu sorriso.


Quim: Meu Deus! Você está enorme! - Ri do seu comentário.


_ Eu sei! - Me aproximei dela, abraçando-a - Que saudades maninha.


Quim: Não sabe o quanto senti sua falta - Se desvenciliou - Me desculpe por ter me calado. Fiquei apavorada, Bill estava fora de si.


_ Tudo bem, eu entendo. - Sorri - Como vocês estão? - Olhei para Tom que me sorriu fraco, dei um abraço na minha sobrinha. - Você está tão linda, Sô.


Tom: Estamos bem, Ana. - Me abraçou apertado, me segurei para não chorar. Me afastei um pouco e olhei em seus olhos, céus, por que tinham que ser tão parecidos? - Você me parece bem melhor. Está linda.


_ Obrigada! Fabi tem cuidado muito bem de mim. - Sorri fraco, mas logo meus olhos marejaram, por mais que soubesse a resposta, eu precisava saber como Bill estava. - Alguma notícia do Bill, sabe como ele está?


Tom: Desde aquele dia, nunca mais vi o Bill. Mamãe diz que ele está bem, quando se falavam por telefone. Mas faz alguns meses que eles não se falam, ainda mais depois que levou o Drey para morar a força com ele.


_ Eu sinto falta deles. - Digo baixo tentando controlar a vontade de chorar. - Muita falta, mesmo.


Tom: Eu sei! - Abaixa a cabeça. - E é tudo culpa minha, fui um completo idiota.


_ Não se culpe. - O abraço forte. - Todos erramos, já passou Ok? - Me afasto dele, mas seguro seu rosto com ternura. - Agente supera isso, mas preciso que fiquem perto de mim, sem vocês ao meu lado, é quase impossível.


Abraço ambos novamente e os deixo se acomodarem na sala de TV. Continuamos a conversar durante um bom tempo, mesmo que as informações não fossem completas, me contentava com o pouco que me falavam, que estava acontecendo na Alemanha. Depois de algumas horas voltaram para o hotel onde estão hospedados.


X.X


Duas semanas depois, estava assistindo TV na sala, comendo um pote de sorvete de chocolate - o que foi um desejo vindo da gravidez - quando passou uma reportagem dizendo sobre os Tokio Hotel, devido ao afastamento dos irmãos e da banda toda. Fabi estava na cozinha preparando seu milk-shake e, quando ouviu o nome da banda ser dita, veio para a sala com apenas uma colher na mão. Procurei o controle para mudar de canal, mas pude ouvir sobre Bill e sua nova namorada antes de achar o mesmo. Fiquei imóvel ao ouvir as palavras vinda da repórter e ver as fotos aparecendo na tela. Fabi foi mais rápida do que eu, desligou a TV e, olhou pra mim. Vi em sua expressão que ela não tinha palavras para me consolar, ou até mesmo, dizer. Senti uma pontada na barriga e logo passei a mão a acariciando. Era a minha pequena, pedindo por atenção. Parecia até que ela estava tentando me distrair para não pensar em mais nada sobre Bill. Os chutes foram ficando cada vez mais fortes e pude começar a sentir as contrações. Comecei a respirar forte e Fabi logo percebeu que estava na hora. Ela abriu a porta rapidamente, me ajudou a levantar do sofá, pegou a chave do carro e rumamos a maternidade a toda velocidade.


Entrar nas contrações era como estar em uma montanha Russa ou de frente para uma onda muito grande e forte. Sempre morri de medo de montanha Russa e de ondas fortes, mas decidi me entregar, não lutar contra e permitir ao meu corpo responder a essa sensação de prazer, de dádiva, de amor, de relaxamento. Quando falo em “dor” não quero em nenhum momento relacioná-la com sofrimento, ainda mais depois de ter passado por essa experiência. Considero a dor mais como um movimento de abertura, como um rompimento necessário.


Enquanto Fabi estacionava, passei meus dados para uma atendente na recepção da maternidade. Quando mediram minha dilatação eu estava com nove centímetros! Não acreditei e comecei a chorar emocionada.A suite de parto normal estava ocupada e fomos para um quarto. A enfermeira preparou a água do chuveiro pra mim e fiquei lá até uma outra enfermeira avisar que estava livre. Fabi ficou na recepção dando entrada na internação e chegou quase uma hora depois, dizendo que havia brigado com muita gente para vir até mim, com medo de perder o parto. Ainda mais que havia avisado a Quim (que mais uma vez veio a Los Angeles) que estávamos nos hospital, e ela juntamente com o Tom queriam estar presente quando Sam viesse ao mundo. Quando entrou no quarto, me disse que tentaria registrar o possível do trabalho de parto.


Fizemos o cardiotoco (cardiotocografia, exame que monitora os batimentos cardíacos do bebê e as contrações uterinas) enquanto eu estava sentada na bola fazendo exercícios para ajudar na descida da bebê. Depois entrei na banheira. A parteira que auxiliaria a médica chegou, falou comigo, me passou uma paz e uma segurança enormes. A médica chegou, me examinou e disse que a bebê ainda estava alta. Nessa hora pensei que ia demorar muito pra nascer. Foi estranho quando as contrações mudaram e veio a primeira vontade de fazer força. Eu estava no expulsivo, a fase que no final da gravidez me deixara um tanto preocupada pelo tamanho estimado da bebê. Algo me movia por dentro, era como se minha filha me pedisse para empurrá-la para fora. A vontade de gritar loucamente veio também, e os gritos me ajudavam muito a liberar a pressão que sentia.


Fui para a banqueta de cócoras e nessa hora segurava ainda mais forte as mãos da Fabi e de uma enfermeira, mas eu queria ter o Bill ao meu lado, ou minha mãe para me dar mais força. Logo aconteceu algo que achei incrível: pari a bolsa das águas, intacta! A bolsa não estourou e sim coroou, saiu como se fosse a cabecinha de um bebê. Foi muito bonito esse momento, me senti especial, pois falaram que era muito raro acontecer. Sempre que a parteira me examinava, me incentivava dizendo que estava indo muito bem. A anestesia não foi necessária em nenhum momento e acho que isso foi por conta de todo o preparo e esforço anteriores. Ter uma equipe maravilhosa me acompanhando também ajudou muito, sem falar da Fabi, que não saiu de perto de mim e me deu toda a força de que eu precisava.


Quando vinha a vontade de fazer força eu apertava a mão da Fabi e jogava a força nos ombros. A Doutora me disse para jogar a força para a barriga e transformar a dor em força. Ali descobri como parir e tive a verdadeira noção da força que eu tinha para fazer aquilo acontecer. Quando fiz a primeira força e senti a bebê descer foi incrível! O segundo ajuste proposto por ela foi ir para a cama e sentar na banqueta de cócoras. Como não deu tempo, fiquei na cama, na posição semi-deitada, bem tradicional. Quando me mostraram as duas barras na lateral da cama como apoio para segurar na hora de fazer a força me senti uma Hulk, super poderosa e pronta para parir o mundo! Quando fiz força naquela posição apareceu o cabelo da Sam. Colocaram um espelho para eu ver e tudo aconteceu bem rápido. Em uma segunda, terceira força, bem grandes, ela foi aparecendo aos poucos, cada vez mais, até nascer por completo. Ouvi um choro e logo Dra. Williams colocou ela em meus braços. Senti o calor do corpo frágil dela junto ao meu e senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Ela parou de chorar quando o aconcheguei em meus braços.


– Já decidiu qual vai ser o nome dela? - A Doutora perguntou com um sorriso largo no rosto, emocionada com a cena.


_ Samira.


Beijei a pequena bochecha daquela coisinha em meus braços. Fui levada até o quarto onde ficaria durante três dias, até poder levar a minha Sam para casa. No quarto recebi a visita do Tom e da Quim que estavam muito emocionados.


Quim: Ela é a coisa mais linda que existe, gente! - Disse enquanto balançava carinhosamente Sam em seus braços. - Parabéns, flor. Ela é realmente linda. - Ela olhou pra mim e eu abri um largo sorriso.


_ Obrigada, Quim. - Agradeci olhando para a pequena. - Agradeço a vocês por terem ficado do meu lado. Tenho também que agradecer a Fabi por tudo. Pelas horas de sono perdidas, por atender meus desejos absurdos, enfim, muito obrigada. - Olhei pra ela emocionada. Ela me abraçou, emocionada também.


Dois dias foram o suficiente naquele hospital. Sam tinha nascido saudável a ponto de poder sair um dia antes do previsto. Fabi abriu a porta segurando a malinha da pequena e eu entrei com ela dormindo em meus braços. Subimos com o elevador, assim que entramos no apartamento fui direto para o quarto, (que agora era meu e da Sam, a Fabi tá dormindo em um colchão na sala) a coloquei no berço branco ao lado da cama e a cobri com uma manta rosa. Tirei os sapatos e os coloquei ao pé da cama. Sentei na mesma e fiquei observando Sam dormir, fazendo carinho em seu rosto. Fabi bateu de leve na porta e entrou no quarto, deixando minha mala e a da pequena em cima da poltrona. Ela sentou ao meu lado, a observando também.


_ Eu acho que ela vai ser parecida com o Bill. - Continuava a acariciar o rostinho da Sam, quando comentei com Fabi.


Fabi: Ela é muito pequena ainda, vamos saber só mais tarde. Mas eu acho que ela vai ser parecida com você.


X.X


Alguns meses se passaram e Sam estava cada vez mais parecida com Bill. Ela tinha olhos amendoados e cabelos castanhos bem claros, quase loiros. Estava na cozinha preparando o leite da Sam, durante os seis meses consegui lhe dar o peito, mas agora no oitavo mês, ela prefere a mamadeira.


Fabi: Sam! Deixa isso ai, danadinha!


Lhe chamou a atenção, quando ela estava pegando o porta-retrato em cima da mesa de centro. Ela a olhou fazendo um bico que só ela sabia fazer - que era muito parecido com o do Bill, o que gamava qualquer um - e saiu engatinhando da sala, me encontrando na cozinha preparando a mamadeira. Ela agarrou minhas pernas e escondeu o rosto entre-elas. Espiava Fabi que se aproximava dela estendendo as mãos em sinal de fazer cócegas nela. Ela o agarrou e começou a fazer as tais cócegas que a fazia gargalhar gostoso. A peguei no colo e a deitei em meus braços lhe dando a mamadeira. Ela passava as mãozinhas pelo meu braço, me acariciando, enquanto a outra segurava a mamadeira.


Faz mais de um ano desde a minha briga com o Bill, ele nunca entrou em contato sobre a separação ou a guarda do Drey, acho que por isso, ainda tenho esperanças de que um dia possamos ficar juntos novamente. Que eu saiba aquele suposto namoro dele de um tempo atrás era tudo fachada, ainda mais que eles só foram vistos juntos umas duas vezes no máximo. Estou tentando voltar a minha antiga rotina, assisto TV, acesso a Internet, evito ler algumas coisas que possam me afetar, mas já estou me sentindo muito melhor, Fabi e Sam tem me dado forças para continuar.


Quando saio as ruas, algumas fãs ainda me olham feio, mas não podem fazer nada, elas não teriam coragem de bater em uma mulher que carrega um "filho do Tom Kaulitz" como todos acreditam. Mas seriam muito idiotas de acreditarem nisso, pois ele e a Quim estão juntos até hoje e muito felizes, mesmo depois que ele deu uma declaração avisando que a filha não é dele. Talvez elas achem que o Tom a traí comigo, aff. Dois meses atrás, eles vieram para Los Angeles e para minha surpresa, acompanhados de Simone e Gordon. Foi um dia muito emocionante para mim, eles me apoiaram, diziam que sempre iam ficar do meu lado, e a Sam foi uma alegria para eles. Tenho recebido ligações dos G's e das meninas perguntando sobre a minha menina, as vezes mando fotos dela para eles. Meus pais tem a visto pela WebCam, mas avisei que logo estaria no Brasil, pretendo aceitar uma proposta que recebi.


_ Eu estive pensando. Acho que vou aceitar a proposta. - Fabi se jogou no sofá e olhou pra mim.


Fabi: Deveria mesmo. Afinal, depois de tudo o que lhe aconteceu, voltar a trabalhar seria uma boa distração. - Olhei para Sam que fechava os olhos. - Vai ser maravilhoso. Até porque, vai matar a saudade da sua Terra. - Sorri pra ela.


_ Você podia vir comigo. Já que vai entrar em férias. - Olhei a pequena que já dormia - Assim poderia me ajudar com a Sam. Não sei se ela teria paciência de ficar horas no avião.


Fabi: Claro que aguenta, flor. Ela vai dormir a maior parte da viagem, pode ter certeza. - Se levantou quando me viu levantar com a pequena no colo. - Claro que vou com você. - Disse animada.


_ Quando podemos ir? - Perguntei colocando Sam no berço.


Fabi: Semana que vem, provavelmente. - Ela me passou a mantinha dela que estava em cima da poltrona.


_ Acho que Sam vai gostar de conhecer o Brasil. Aproveito para limpar a minha ficha com as fãs - Sorri e ela me abraçou.


Fabi: Oba! Isso vai ser muito bom. Pode ter certeza! - Saiu do quarto animada.